Foi recentemente noticiado que dois homens com infeção VIH/SIDA podem ter sido curados desta infeção após receberem transplantes de células estaminais para tratar o linfoma de que também padeciam. Um destes homens recebeu o transplante há três anos e o outro há cinco. Em Julho passado, os médicos anunciaram que os dois homens pareciam estar sem níveis detetáveis de VIH no sangue. Apesar disso, os médicos advertem ser ainda muito cedo para saber se ficaram curados. Para isso, eles terão de ser seguidos por, pelo menos, mais um ou dois anos, pois o vírus pode estar alojado em “reservatórios”, isto é, partes do corpo como o cérebro ou o intestino, que podem “abrigar” o vírus durante décadas. Ainda assim, médicos e investigadores estão muito entusiasmados e expectantes com esta inovadora abordagem terapêutica. Pensa-se que as células transplantadas devem ter sido protegidas da infeção pelos fármacos antirretrovirais tomados durante o tratamento. Os médicos admitem ainda que uma resposta imune, a doença do enxerto contra-hospedeiro (uma reação pós-transplante em que as células do dador reagem contra as células do próprio doente), pode ter eliminado os reservatórios de VIH destes doentes, curando-os.
Trata-se de um avanço muito importante para as pessoas com VIH que, por padecerem de outra patologia, também precisem de transplantes de células estaminais hematopoiéticas, mas é pouco provável que o tratamento seja, para já, utilizado de um modo mais generalizado, devido aos riscos que os transplantes ainda acarretam . Segundo os investigadores, estamos ainda longe de uma opção de cura viável para a maioria dos doentes, mas cada passo conta, e estes casos permitem progressos importantes. À semelhança do que foi conseguido com transplantes de medula óssea, também os transplantes de células estaminais do sangue do cordão umbilical poderão ser úteis no tratamento de doentes infetados com o VIH.