O cordão umbilical foi, durante muito tempo apenas considerado um excedente do parto, mas atualmente é visto como uma fonte de células estaminais com potencial terapêutico inestimável. Por um lado, o sangue que se encontra no interior do cordão umbilical é rico em células que permitem originar todos os elementos do sistema sanguíneo e imunitário – células estaminais hematopoiéticas – e, por outro, o tecido contém células estaminais com capacidade para dar origem a células de diferentes tecidos – células estaminais mesenquimais.
A par do seu potencial para originar diferentes tipos de células, como por exemplo células dos músculos, dos ossos e da cartilagem, estas células têm capacidade imunomoduladora, isto é, capacidade de regular a resposta imunitária, podendo por isso ser úteis no tratamento de doenças autoimunes. Para além disso, estas células podem permitir aumentar a taxa de sucesso em transplantes em que dador e recetor são diferentes.
As células estaminais mesenquimais representam uma das maiores esperanças da medicina regenerativa. O potencial terapêutico destas células está atualmente em investigação, em fase de ensaios clínicos em humanos, em doenças como diabetes, colite ulcerosa, cirrose hepática, cardiomiopatias, esclerose múltipla, lúpus e doença do enxerto contra hospedeiro, entre outras. Muitos destes ensaios clínicos encontram-se ainda numa fase inicial, mas alguns deles apresentam já resultados preliminares promissores. As células mesenquimais podem ser isoladas a partir de vários tecidos, tais como medula óssea, tecido adiposo, sangue do cordão umbilical e tecido do cordão umbilical. Contudo, o tecido do cordão umbilical apresenta diversas vantagens quando comparado com as outras fontes. A sua colheita é fácil e sem riscos, apresenta um elevado número de células, com maior potencial de diferenciação e proliferação.
As células mesenquimais do tecido do cordão umbilical apresentam ainda um menor risco de infeção por agentes virais e bactérias. Em resumo, as características apresentadas pelas células mesenquimais do tecido do cordão umbilical e os estudos com resultados promissores fazem-nos acreditar que estas células podem vir a ser usadas no tratamento de um conjunto alargado de doenças.