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Estudo recente confirma vantagens do sangue do cordão umbilical

22.07.2020

4 minutos de leitura

Um novo estudo, realizado nos EUA, confirmou a eficácia da transplantação de adultos com sangue do cordão umbilical, demonstrando que está associado a melhores taxas de sobrevivência livre de recaída e de doença do enxerto contra o hospedeiro, relativamente ao uso de sangue periférico mobilizado de familiares compatíveis.
A transplantação de células estaminais obtidas da medula óssea, sangue periférico mobilizado (células da medula óssea mobilizadas para a corrente sanguínea por estimulação farmacológica), ou sangue do cordão umbilical é, muitas vezes, a única opção curativa para doentes com doenças hemato-oncológicas, como leucemias e linfomas, e outras doenças que afetam as células do sangue e do sistema imunitário. O campo da transplantação hematopoiética tem evoluído muito ao longo dos últimos 60 anos, nomeadamente no que diz respeito à obtenção de células estaminais e aos regimes de condicionamento (tratamento que visa preparar o doente para um transplante hematopoiético) utilizados, permitindo atingir resultados cada vez mais favoráveis.
Transplante de sangue do cordão umbilical após condicionamento intensivo obtém bons resultados
A partir de 2014, o Departamento de Hematologia da Universidade do Colorado passou, na maioria dos casos, a dar prioridade ao sangue do cordão umbilical, relativamente a outras fontes de células estaminais de dadores não relacionados. Esta opção baseou-se em estudos anteriormente publicados, bem como na experiência do próprio centro, que concluiu ser mais vantajoso utilizar sangue do cordão umbilical para transplante, relativamente a medula óssea ou sangue periférico mobilizado de dadores compatíveis não relacionados. A reduzida incidência de doença do enxerto contra o hospedeiro (doença que ocorre se as células transplantadas “atacarem” o recetor) após transplante e a disponibilidade imediata do sangue do cordão umbilical foram duas vantagens apontadas para esta fonte de células estaminais.
Num estudo recentemente publicado na revista Blood Advances, investigadores deste centro compararam os resultados de 190 transplantes de sangue do cordão umbilical com 123 transplantes de sangue periférico mobilizado de um familiar compatível. Os transplantes ocorreram entre 2010 e 2017, para o tratamento de adultos com várias doenças hemato-oncológicas. Comparando os diferentes indicadores de sucesso dos transplantes, observou-se que, quando eram utilizados regimes de condicionamento de intensidade reduzida (em doentes idosos ou com vários problemas de saúde), os resultados dos dois tipos de transplante eram semelhantes. No entanto, quando eram utilizados regimes de condicionamento mais intensivos, o desempenho do sangue do cordão umbilical demonstrava-se superior relativamente à sobrevivência livre de recaída e de doença do enxerto contra o hospedeiro. Segundo os autores, o facto deste parâmetro se ter revelado significativamente melhor nos doentes que receberam sangue do cordão umbilical pode justificar-se pela mais baixa incidência de doença do enxerto contra o hospedeiro crónica nesta população de doentes, com potencial impacto na sua qualidade de vida. Estas observações têm importantes implicações práticas no contexto da transplantação hematopoiética. Embora a utilização de sangue do cordão umbilical implique um custo inicial superior para o centro de transplantação, decorrente da aquisição das unidades para transplante, pode traduzir-se em benefícios a longo prazo, uma vez que gera menos doentes com doença do enxerto contra o hospedeiro crónica, com necessidades de tratamento e de acompanhamento ao longo da vida.
Os autores deste estudo afirmam que os resultados obtidos suportam a eficácia da transplantação de adultos com sangue do cordão umbilical e sugerem que esta fonte de células estaminais possa tornar-se a primeira opção nos doentes capazes de receber um regime de condicionamento intensivo. Acrescentam, ainda, que o sangue do cordão umbilical parece gerar taxas de recaída inferiores, podendo vir a ser escolhido preferencialmente em doentes de alto risco. Mais estudos são necessários para comparar a eficácia das várias modalidades de tratamento disponíveis, com vista ao desenvolvimento de soluções cada vez mais eficazes.
 
Referência:
Sharma P, et al. Adult cord blood transplant results in comparable overall survival and improved GRFS vs matched related transplant. Blood Adv. 2020;4(10):2227-2235.
 

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