Na Europa, o cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente entre os indivíduos do sexo masculino, sendo a terceira causa de morte oncológica em Portugal. Cerca de 90 % dos casos de cancro da próstata estão localizados (confinado à glândula), e nestes casos o tratamento padrão é a cirurgia para remoção da próstata (prostatectomia radical). No entanto, a disfunção eréctil é uma das complicações associada a esta cirurgia. No processo de remoção da próstata é necessária a manipulação da região que contém os nervos responsáveis pela função eréctil, cuja eventual lesão pode provocar disfunção eréctil.
Um estudo recente, publicado na revista Biotechnology Letters, demonstra que as células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical induzem melhoria na função eréctil em ratos.
Para simular a lesão que ocorre durante as cirurgias para remoção da próstata, os autores provocaram o esmagamento dos nervos responsáveis pela função eréctil em ratos. Injetaram depois células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical humano no local da lesão num grupo de ratos, e noutro grupo injetaram PBS (uma solução salina utilizada como controlo). Vinte e oito dias após o tratamento, os investigadores analisaram vários parâmetros morfológicos e fisiológicos e observaram uma melhoria significativa da função eréctil nos ratos aos quais foram aplicadas células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical.
Os resultados mostram que a injeção local destas células inibe a formação de cicatriz e exerce um efeito regenerador nos nervos lesionados, permitindo desta forma uma melhoria da função eréctil em ratos com traumatismo nas fibras nervosas responsáveis por esta função.
Os autores sugerem que os dados obtidos neste estudo suportam a hipótese de que a injeção local de células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical poderá ser uma terapia com potencial para o tratamento da disfunção eréctil após prostatectomia radical. Apesar destes resultados serem promissores, serão necessários ainda mais estudos em modelos animais, antes de passar à experimentação humana, para avaliar a viabilidade desta terapêutica.
Fonte:
http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10529-015-1816-2