A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, afetando milhões de indivíduos em todo o mundo. A prevalência desta doença está a aumentar consideravelmente acreditando-se que poderá afetar mais de 100 milhões de pessoas em 2050. É uma doença neurodegenerativa (em que ocorre morte de neurónios) que provoca a perda progressiva e irreversível de várias funções cognitivas (memória, atenção, linguagem, entre outras), dificultando a realização das atividades diárias da pessoa afetada, e para a qual não existe cura.
Alguns estudos prévios em modelos animais de doença de Alzheimer demonstraram que as células estaminais de sangue do cordão umbilical (SCU) podem reverter os sintomas da doença, melhorando a capacidade cognitiva desses animais. No entanto é fundamental compreender como estas células atuam, verificando se as células administradas migram para os locais onde são necessárias e se exercem os seus efeitos terapêuticos sem promover o crescimento de tumores.
Neste contexto um grupo de investigadores desenvolveu um estudo com o objetivo de determinar a biodisponibilidade (dose de células que chegam ao local onde são necessárias), segurança e viabilidade da administração intravenosa de células de SCU.
Os resultados deste estudo foram recentemente publicados na revista cientifica Cell Transplantation. Os investigadores injetaram células de SCU na cauda de ratinhos com uma forma de doença de Alzheimer, e analisaram os tecidos dos animais 24h, 7 dias e 30 dias após a injeção das células. Verificaram que após 24h as células se encontravam em vários órgãos periféricos tais como o fígado, rins e medula óssea e no sistema nervoso central dos ratinhos. Confirmando-se que as células de SCU migraram para o cérebro, onde se mantiveram até ao fim do estudo (30 dias após terem sido administradas). Comprovaram ainda que não existia qualquer tumor nos animais infundidos com células de SCU, demonstrando que a utilização destas células é segura.
Os autores concluíram que a administração de células de SCU pode ser realizada de forma menos invasiva, através de uma injeção intravenosa, migrando estas células para o cérebro onde exercem o seu efeito terapêutico de forma segura e eficaz. No entanto, serão ainda necessários mais estudos para esclarecer exatamente que células e/ou fatores por elas libertados exercem efeito terapêutico nestes doentes.
Estes resultados sugerem que a injeção intravenosa de células de SCU representa uma estratégia com potencial para o desenvolvimento de uma terapêutica para tratar doentes com doença de Alzheimer.
Fonte:
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2015-10/ctco-thu102915.php