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Células estaminais com potencial para o tratamento da Diabetes tipo 2

12.12.2018

3 minutos de leitura

A Diabetes Mellitus é uma doença metabólica caracterizada por níveis de glicemia (glucose no sangue) elevados. A Diabetes Mellitus Tipo 2 é a forma mais comum de diabetes (atingindo 9 em cada 10 diabéticos) e afeta cerca de 500 milhões de pessoas mundialmente e mais de 1 milhão em Portugal. Nesta doença, apesar do pâncreas produzir insulina, esta não atua de modo eficaz devido a hábitos alimentares e estilos de vida pouco saudáveis. O organismo torna-se resistente a esta hormona e a glucose acumula-se no sangue (hiperglicemia). Os vasos sanguíneos deterioram-se progressivamente, surgindo complicações nos olhos, nervos e rins, para além de doenças cardiovasculares.

Os tratamentos atualmente usados têm como objetivo controlar a glicemia, o colesterol e a tensão arterial. Ainda assim, estas terapêuticas não curam os doentes com Diabetes Tipo 2, pelo que é necessário desenvolver novos tratamentos que revertam os problemas associados a esta patologia e que conduzam à cura.

Têm sido realizados vários estudos com células estaminais mesenquimais (MSC, Mesenchymal Stem Cells), os quais têm apresentado resultados favoráveis na atenuação das complicações associadas à Diabetes Tipo 2. Os investigadores têm sugerido que parte dos seus efeitos terapêuticos sejam devidos a “bolsas/bolhas” (cientificamente referidas como vesículas) libertadas pelas MSC. Estas vesículas muito pequenas, designadas exossomas, contêm moléculas bioativas no seu interior. Alguns estudos têm mostrado que os exossomas libertados pelas MSC do tecido do cordão umbilical têm a capacidade de regenerar tecidos e reparar lesões. Além disso, estas vesículas contêm várias proteínas relacionadas com o metabolismo da glucose, pelo que têm suscitado interesse no âmbito da diabetes.

 

Exossomas libertados pelas células estaminais revertem a resistência à insulina e melhoram os níveis de glicemia na Diabetes Tipo 2

Recentemente, foi publicado um estudo, desenvolvido em modelo animal, no qual foi testado um novo tratamento para a Diabetes Tipo 2. Neste estudo, foi feita a administração de exossomas isolados a partir de MSC do tecido do cordão umbilical a ratos diabéticos. Os animais foram seguidos durante um mês a fim de avaliar o efeito terapêutico dos exossomas na evolução desta doença.

A metodologia aplicada para a indução da Diabetes Tipo 2 originou resistência à insulina e destruição das células responsáveis pela produção desta hormona (células beta-pancreáticas). O tratamento com os exossomas das MSC do tecido do cordão umbilical conduziu à inibição da libertação de moléculas pró-inflamatórias, à diminuição da resistência à insulina e à regeneração das células beta do pâncreas. Consequentemente, houve um aumento da produção e libertação de insulina, o que resultou numa maior captação da glucose pelas células e redução da glicemia. Os investigadores avaliaram também a segurança deste tratamento noutras espécies e não houve evidências de tumorigenese nem de toxicidade.

Este estudo mostrou que os exossomas libertados pelas MSC do tecido do cordão umbilical são um dos fatores-chave associados aos efeitos terapêuticos deste tipo de células na regulação da glicemia. Face aos resultados obtidos, os autores afirmam que esta poderá ser uma potencial alternativa para o tratamento da Diabetes Tipo 2.

 

 

Referências:

Sun et al., Human Mesenchymal Stem Cell Derived Exosomes Alleviate Type 2 Diabetes Mellitus through Reversing Peripheral Insulin Resistance and Relieving β-Cell Destruction. ACS Nano. 2018 Jul 27; Epub ahead of print.

http://www.fpcardiologia.pt/saude-do-coracao/factores-de-risco/diabetes/

http://www.spd.pt/index.php/notcias-topmenu-19/223-estudo-da-prevalncia-da-diabetes-em-portugal

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