Regresso

Selecione a sua região

Corporate

Nós Ligamos

Pedido de contacto

Células do Tecido do Cordão Umbilical no Tratamento de Púrpura Trombocitopénica Imune

12.07.2017

3 minutos de leitura

Embora seja considerada uma doença autoimune de prognóstico geralmente favorável, alguns doentes com Púrpura Trombocitopénica Imune (PTI) não respondem aos tratamentos de primeira e segunda linha, ficando sujeitos à ocorrência de hemorragias graves. O potencial das células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical está a ser testado para o tratamento destes doentes.

A PTI caracteriza-se por uma taxa anormalmente elevada de destruição das plaquetas (células sanguíneas responsáveis pela coagulação), que ocorre no baço. Os doentes com PTI apresentam trombocitopenia persistente (baixa contagem de plaquetas no sangue), tendo por isso maior tendência para a ocorrência de hemorragias. A PTI apresenta um espetro clínico alargado: desde um processo assintomático, sem necessidade de tratamento exigindo apenas vigilância do doente, ou pode tornar‑se numa situação crónica grave, com necessidade de realização de uma esplenectomia (remoção cirúrgica do baço). Um dos sintomas mais comuns de PTI é o desenvolvimento de petéquias ou púrpuras, que são pequenas hemorragias cutâneas. Ocasionalmente, estas podem ser acompanhadas, por exemplo, de hemorragias gengivais, hematúria (sangue na urina) ou menorragia (excessivas hemorragias menstruais).

Células Mesenquimais do Tecido do Cordão Umbilical Eficazes no Tratamento de PTI Refratária

Os doentes com PTI crónica refratária que mantêm baixas contagens de plaquetas mesmo após esplenectomia e tratamento farmacológico utilizando várias abordagens terapêuticas estão sujeitos a hemorragias internas graves. Um grupo de investigadores publicou, recentemente, os resultados de um tratamento experimental de 4 doentes com PTI, com idades compreendidas entre os 26 e os 54 anos, recorrendo a células do tecido do cordão umbilical. As células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical apresentam propriedades imunomoduladoras e têm sido utilizadas em tratamentos experimentais em várias doenças degenerativas e autoimunes. Todos os doentes apresentavam PTI persistente e não responderam de forma adequada às múltiplas terapêuticas farmacológicas utilizadas. Aos quatro doentes foram administradas células estaminais do tecido do cordão umbilical por via intravenosa, tendo, estes, ficado sob monitorização durante 24h, período após o qual puderam ter alta, no caso de não apresentarem sinais de infeção ou reação alérgica. O procedimento foi bem tolerado, não tendo ocorrido efeitos adversos com relevância clínica durante os 2 anos de duração do estudo. Após a infusão, o número de plaquetas de cada doente foi medido ao longo do tempo, para verificação da eficácia do tratamento. Os efeitos do tratamento fizeram-se sentir logo às 2 semanas após o tratamento, tendo os quatro doentes apresentado valores de plaquetas superiores aos iniciais. Um dos doentes manteve-se em remissão completa, apresentando valores adequados de plaquetas durante mais de 2 anos após a infusão inicial. Os restantes 3 apresentaram descidas nos valores de plaquetas cerca de um ano após a infusão, razão pela qual fizeram nova infusão com células estaminais do tecido do cordão umbilical, tendo, durante o tempo de acompanhamento deste estudo, respondido de forma positiva ao segundo tratamento.

Estes resultados sugerem que a terapia celular pode ser uma alternativa viável para o tratamento de doentes com PTI refratária. O tratamento de PTI com células estaminais do tecido do cordão umbilical mostrou-se seguro e eficaz, embora não se tenha conseguido reverter os sintomas da doença de forma completa. Os autores deste estudo defendem que o tratamento com células estaminais do tecido do cordão umbilical uma vez por ano deverá ser o mais adequado para controlar a PTI crónica refratária nestes doentes.

 

Referência:

Wang X et al. Intravenous infusion umbilical cord-derived mesenchymal stem cell in primary immune thrombocytopenia: A two-year follow-up. Exp Ther Med. 2017 May; 13(5):2255-2258.

Veja também