Foram recentemente publicados os resultados de um ensaio clínico para avaliar a segurança e eficácia da infusão de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical em doentes com diabetes tipo 2. Apesar de o ensaio incluir um pequeno número de doentes, os resultados foram positivos.
A diabetes tipo 2 é o tipo mais frequente de diabetes (cerca de 90% dos casos de diabetes em todo o mundo) sendo uma das principais causas de mortalidade em indivíduos com mais de 60 anos. Estima-se que em Portugal existam cerca de 1 milhão de doentes com diabetes. A diabetes tipo 2 pode resultar de uma resistência do organismo aos efeitos da insulina (hormona responsável por regular os níveis de açúcar no sangue) ou da produção insuficiente desta hormona não permitindo manter um nível normal de açúcar no sangue. Os tratamentos atualmente existentes para tratar estes doentes não conseguem controlar de forma rigorosa os níveis de açúcar no sangue, nem previnem as complicações associadas à doença.
Neste contexto, um grupo de investigadores realizou um ensaio clínico com o objetivo de averiguar a segurança e eficácia da utilização de células mesenquimais de cordão umbilical no tratamento de doentes com diabetes 2 em contexto alogénico (em que o dador e o recetor são indivíduos diferentes). Foram recrutados 6 doentes que foram tratados com 2 infusões de células mesenquimais do cordão umbilical (com um intervalo de 15 dias entre as infusões). Os doentes foram seguidos durante um período mínimo de 24 meses, tendo sido avaliados periodicamente (aos 1, 3, 6, 12, 18 e 24 meses após a infusão).
O procedimento demonstrou ser seguro, não tendo sido detetados efeitos adversos da infusão das células no decorrer do estudo. Após o tratamento, todos os doentes apresentaram melhoria no controlo da glicemia (quantidade de açúcar no sangue), tendo sido observada uma redução da necessidade diária de insulina: 3 dos doentes deixaram de necessitar de insulina durante todo o período do estudo; os restantes 3 doentes reduziram a dose diária de insulina de forma significativa durante os primeiros 6 meses, no entanto esta voltou a aumentar gradualmente entre os 12 e 24 meses. Os 3 doentes que conseguiram ficar independentes de insulina mantiveram essa condição entre 25 a 43 meses.
Estes resultados sugerem que a infusão de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical é um procedimento seguro, que poderá ter potencial para o tratamento da diabetes tipo 2. No entanto, são necessários mais estudos, com um maior número de doentes para averiguar a eficácia desta abordagem.
Fonte:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4471780/pdf/etm-09-05-1623.pdf